quarta-feira, 22 de julho de 2009

Pior resultado na melhor exibição

O Benfica sofreu esta terça-feira, no jogo de apresentação aos sócios, a primeira derrota na pré-época ao perder com o Atlético Madrid, por 2-1. Um desfecho tremendamente injusto não só pelo domínio excessivo da formação de Jorge Jesus, sobretudo na segunda parte, como também porque o segundo golo dos “colchoneros” surgiu numa grande penalidade inexistente.

Visando a consolidação do modelo táctico, o Benfica apresentou-se no esquema de 4-4-2 em losango posto em prática desde o primeiro jogo na pré-época, frente ao FC Sion. Pela quinta vez na condição titular, Miguel Vítor teve pela primeira vez ao seu lado David Luiz, sendo que as zonas laterais foram ocupadas por Maxi Pereira (direita) e Sepsi (esquerda).

Mais à frente, na zona intermediária, Rúben Amorim jogou atrás de Aimar e descaído para as zonas laterais actuaram Di María (esquerda) e Carlos Martins (direita). No ataque, o técnico Jorge Jesus apostou na habitual dupla Saviola e Cardozo, dois jogadores cada vez mais fundamentais na estratégia táctica delineada por Jorge Jesus face à sua boa capacidade para segurar o esférico em terrenos recuados pelo corredor central.

Aos 7’ Cardozo, num bom exemplo da sua capacidade de dar profundidade ofensiva, serviu Di Maria na ala esquerda, mas um corte in-extremis de cabeça de António Lopez impediu que Carlos Martins desferisse um remate de primeira na zona esquerda da grande área.

Reacção positiva

No entanto, seria no lado direito, por culpa da acutilância ofensiva de Maxi Pereira (enorme primeira parte) e dos preciosos apoios de Carlos Martins e Aimar, que o Benfica atacou com mais quantidade e qualidade.

Mas antes de o conjunto de Jorge Jesus arracar para um bom futebol ofensivo, o Atlético Madrid colocou-se em vantagem aos 10’ no primeiro remate à baliza, desferido por Raul Garcia à entrada da grande área. Um remate, importa salientar, muitíssimo colocado e indefensável para Quim (o lance vitorioso dos “colchoneros” resultou de um contra-ataque bem delineado, no entanto, o início da jogada surgiu após o árbitro não ter assinalado um livre contra os madrilenos à entrada da grande área).
Tal como nos dois anteriores jogos realizados no Torneio Guadiana, o Benfica reagiu bem à situação da desvantagem e, pelo tal lado direito, Maxi Pereira viu Reyes interceptar com a mão uma incursão perigosa pela grande área aos 17’. Grande penalidade indiscutível, mas o árbitro Hugo Miguel fez vista grossa, cometendo o seu segundo erro grave na partida (são os tais receios dos homens do apito para cumprir as leis quando há disputadas de bola no interior da grande área).

Grande penalidade inexistente...

Volvidos dois minutos, e aproveitando o adiantamento da linha defensiva do Atlético Madrid, o Benfica delineou um notável rompimento pelo corredor central e chegou à igualdade num lance em que ficou bem patente o crescente bom entendimento entre os dois avançados benfiquistas – Di Maria isolou Saviola que, depois de aguentar a pressão de um opositor, libertou o esférico para o lado direito para que Cardozo encostasse com êxito.

Começou aqui o melhor período da equipa encarnada e aos 19’, novamente pela direita, Maxi fez um passe recuado para Saviola, mas o remate argentino foi interceptado, com felicidade, pelo central Ujfalusi. Nos minutos 38, 39 40, sempre com o desenvolvimento das jogadas pela direita, o golo da reviravolta esteve perto de acontecer, sobretudo na terceira situação de perigo (Saviola tirou um adversário do caminho e a seguir rematou rente ao poste esquerdo na cabeça da área).

Sobre o minuto 45, o árbitro voltou a dar nas vistas pelos piores motivos ao assinalar uma grande penalidade inexistente que Fórlan não desaproveitou (Hugo Miguel entendeu que Aguero caiu na grande área por culpa de um toque de Miguel Vítor). O intervalo chegou assim com um peso de grande injustiça no resultado face à supremacia benquista e à imprecisa visão do juiz da partida.

Na etapa complementar, demonstrando a sua força física e mental, o Benfica carregou em força sobre o último reduto dos “colchoneros” e ficou na retina a facilidade de construção de jogadas da equipa, que também evidenciou capacidade de recuperação posicional, obrigando o adversário a ficar despercebido no ataque.

Força física e psicológica

A forma consistente e acutilante como o Benfica avançou para a baliza adversária ganha mais relevância se atendermos ao facto de na segunda parte terem entrado 11 jogadores – Moretto, Shaffer, Yebda Coentão, Ramires, Roderick, Nuno Gomes, Patric, Moreira, Mantorras e Urreta. Um claro sinal da homogeneidade de valores do plantel e da saúde física e mental do conjunto benfiquista.

O guardião do Atlético Madrid foi mesmo o melhor elemento da equipa adversária ao parar três remates com selo de golo (livre de Cardozo, 52’/remate de Aimar, 54’/cabeçada de Mantorras/80’) e quando Ansejo não interveio com eficácia, viu-se várias vezes o esférico passar muito perto dos postes (Cardozo atirou de cabeça por cima do travessão aos 52’, Miguel Vítor recargou ao lado à passagem do minuto 54 e Fábio Coentrão, confirmando o seu excelente momento de forma, rematou ligeiramente por cima da barra aos 86’ e lado do poste aos 90’).

O final da partida chegou, pois, com um peso de injustiça no resultado, mas também com a certeza de que o Benfica está forte, está a crescer e no caminho certo. Só está (de forma alguma) ao alcance de muitíssimas poucas equipas encostar às cordas durante tanto tempo o At. Madrid, que está recheado de jogadores de craveira internacional. O próximo jogo de preparação na pré-época disputa-se na próxima sexta-feira, frente aos ingleses do Sunderland (primeira jornada do Torneio de Amesterdão).

4 comentários:

Moreir4 disse...

"Só está (de forma alguma) ao alcance de muitíssimas poucas equipas encostar às cordas durante tanto tempo o At. Madrid, que está recheado de jogadores de craveira internacional."


Até concordo que o resultado foi injusto, que o Benfica jogou bastante bem e de forma "enérgica" e que o Atl.Madrid também tem grandes jogadores.
Só não percebo porque é que o Atl.Madrid era uma equipa fraca quando o F.C Porto os "encostou às cordas" em Madrid e no Dragão tendo-os eliminado na Champions (nos 8's de final).
De resto até acho que o Benfica está a jogar bem e que o campeonato promete uma "luta acesa" sobretudo entre Porto e Benfica.
A par de Saviola e Cardozo, pelo que eu vi, o Shaffer e o Coentrão podem vir a ser influentes.

Serafim Leite disse...

São opiniões não discuto, também lá diz poucas equipas, não diz só o Benfica. por isso pode-se incluir o Porto.

Apesar que o Atl. Madrid com este treinador no meu ponto de vista tem jogado melhor, mas com isso não quero dizer que o Porto não tenha o seu mérito.

Moreir4 disse...

Este treinador é o mesmo que na altura orientava a equipa quando jogou com o Porto. É o Abel Resino acho.
Antes dele ter ido para o Atlético estava lá o Aguirre, mas que foi entretanto despedido. :D

Serafim Leite disse...

Não no primeiro jogo que ficou 2-2 o treinador era o Aguire