sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Fase de grupos bem à vista

O Benfica tem o apuramento para a fase de grupos da Liga Europa praticamente assegurado depois de ter goleado esta quinta-feira, no Estádio da Luz, o Poltava, por 4-0, na partida da 1.ª mão da fase de play off da Liga Europa. Para trás ficou mais uma exibição de luxo, que se traduziu em 90 minutos de intenso domínio.

Dí Maria (espectacular golo espectacular), Cardozo, Saviola e Weldon foram os autores dos golos da equipa benfiquista que, com esta vitória categórica, demonstrou que o desfecho ante o Marítimo não teve qualquer sequência negativa.

Para o seu segundo jogo oficial na pré-temporada, o Benfica apresentou no onze inicial Schaffer (a entrada do argentino determinou a ida de Sidnei para o banco e o regresso de David Luiz ao eixo defensivo) e o extremo Fábio Coentrão (Carlos Martins, devido à lesão contraída na partida com o Marítimo, cedeu o lugar ao internacional sub-21 português).

A aposta de Jorge Jesus no lateral esquerdo sul-americano visou dar mais profundidade ofensiva ao flanco esquerdo e o objectivo foi amplamente conseguido. Relativamente à titularidade do atleta português, o treinador português recolheu os dividendos da sua grande forma como ficou bem evidente no lance que originou o primeiro golo.

Perante 37 mil espectadores, e quatro dias depois do jogo com o Marítimo, a equipa encarnada entrou com uma dinâmica inicial muito semelhante à demonstrada na partida com o Milan e ao fim de três minutos já havia dois remates à baliza adversária e um canto (um remate de Saviola foi desviado para a linha de fundo e, depois, na marcação de um canto no lado direito, David Luiz rematou de cabeça por cima).

O estratégico efeito surpresa contra os ucranianos não resultou, mas os planos atacantes dos encarnados mantiveram-se bem firmes e esta é uma melhores facetas da equipa de Jorge Jesus que tem planos de “várias letras” em funções das circunstâncias impostas pelo decorrer do jogo.

Por isso, o Poltava sofreu muito e só não foi para o intervalo já com uma pesada derrota, ou seja, com a eliminatória quase perdida, porque o seu guarda-redes “fez de Peçanha”, defendo o que parecia impossível.

Mas já lá vamos ao que aconteceu após o golo de Dí Maria, isto porque, até ao momento de inspiração do talentoso jogador argentino, a equipa atacou quatro vezes com perigo com incursões diferentes, bem reveladoras de uma versatilidade de movimentos que lhe vai permitindo dominar intensamente os jogos – aos 15’, na primeira jogada de cariz colectivo, Aimar ganhou metros no corredor central, mas o remate saiu à figura; oito minutos depois, David Luiz atirou por cima na grande área numa recarga e a seguir foi a vez de Luisão, num cruzamento de Coentrão, fazer o esférico passar ligeiramente por cima do travessão; à passagem do minuto 29, um central adversário cortou in-extremis um passe lateralizado que estava à espera da finalização de Cardozo.

Grande força mental
Também importa realçar que neste período de grande acutilância atacante Cardozo sofreu aos 26’ uma falta no interior da grande área (foi deliberadamente agarrado), mas o árbitro não viu a falta nem o seu auxiliar. Só que três minutos depois surgiu o poder desequilibrador de Dí Maria e o juiz pôde constatar que este Benfica não altera o seu rumo independentemente das falhas do homem do apito. E por uma questão de elementar justiça deve ser realçado no chapéu do argentino, o espectacular passe a rasgar de Fábio Coentrão perto da linha lateral do meio-campo.

Seguiram-se 15’ que deixaram os ucranianos “de rastos”, mas para grande felicidade do adversário Dolganskyy fez três enormes defesas no espaço de três minutos (39 a 41) que manteve o sonho de apuramento vivo quando chegou o tempo do intervalo.

Contudo, na etapa complementar, os ucranianos caíram na inevitável realidade ditada pela lei do mais forte e o seu sonho demorou-se por completo. Com efeito, o Benfica, superior em todos os capítulos técnico-tácticos e ultrapassando de forma avassaladora o adversário na componente físico-atlética (vertente em que os ucranianos costumam ser fortes), avançou para uma importante goleada nesta altura da época que deverá ter efeitos positivos na gestão física do grupo de trabalho a curto-prazo (em função da eliminatória estar praticamente resolvida, é de esperar que Jorge Jesus poupe os jogadores mais utilizados na Ucrânia).

O golo que catapultou a equipa para um reconfortante desfecho, depois do injusto empate com o Marítimo, foi desenhado de uma forma moralizadora: grande penalidade apontada, aos 54’, pelo goleador Cardozo que, assim, demonstrou que o remate falhado da marca dos 11 metros, frente aos maritimistas, não deixou marcas a nível psicológico.

Suplentes de luxo
A partir daqui, o Poltava, por mérito dos “encarnados”, como que desapareceu do jogo e três minutos depois Cardozo, com uma simulação para dentro notável, tirou um adversário do caminho e a seguir serviu a preceito o instinto letal de Saviola (desvio na pequena área).

Depois, Ramires entrou para o lugar de Coentrão (muitos aplausos para o jovem jogador português) e, no espaço de dois minutos (dos 68 aos 70’), rematou por duas vezes com sentido de golo, mas o gigante guarda-redes ucraniano estava atento.

Outro grande exemplo de que neste Benfica quem entra, entra bem, foi dado por Weldon que dois minutos depois fez o quarto na primeira vez que rematou à baliza – o atacante brasileiro, na sequência de um ressalto, atirou colocado ao segundo poste, demonstrando por que razão Jorge Jesus tanto insistiu na sua contratação.

Era muito importante não sofrer golos e, neste particular, o Benfica também esteve excelente na capacidade de recuperação posicional. Em suma, uma grande exibição equilibrada e acutilante da equipa que, na próxima quinta-feira, dia 27, reencontrar-se-á com o Poltava para confirmar a superioridade na eliminatória e carimbar definitivamente o passaporte na fase de grupos da Liga Europa.


PS: estou de ferias está semana, no entanto deixo aqui a referencia para o que mais importante sucedeu ao glorioso nesse espaço de tempo. Mais para a frente falarei da palhaçada da primeira jornada, e do ridículo Deixa jogar Hulk, bem a moda do Deixa jogar Mantorras há uns aninhos atrás.

1 comentário:

Moreir4 disse...

Parabéns pela vitória do Benfica ontem. Jogou bem, sobretudo na segunda-parte e mereceu ganhar.

Quanto ao Hulk é realmente feito uma apelo semelhante ao que foi feito em 2001 a propósito de Mantorras. Com Mantorras os apelos não surtiram qualquer tipo de efeito e o jogador viu a sua carreira "arruinada" depois de tantas faltas sofridas, tantas entradas duras e por aí fora...
Não se pede que coloquem uma "passadeira vermelha" a Hulk, nada disso...Façam marcação apertada, tentem "anular" Hulk dentro da legalidade, mas quando for falta os "homens do apito" devem agir prontamente e de forma eficaz. No futebol Português, à excepção do que sucede nos jogos dos "3 grandes" cada vez vai menos gente aos estádios e enquanto os árbitros derem liberdade aos "caceteiros" em detrimento dos prodigios, os resultados tendem a ser os mesmos.
O que possivelmente te faz ir à Luz ver um jogo, ou a mim ir ao Dragão é a possibilidade de ver as nossas equipas ganhar, mas com de preferência com futebol espectáculo e emoção. Esse futebol está muitas vezes ao encargo dos Hulks dos Saviolas, etc...como tal, é uma afronta ao espectáculo estar a "massacrar" os jogadores que dão maior brilho ao nosso futebol. Que se priveligie o bom futebol em Portugal "protegendo" os muitos artistas que por aqui andam...sejam eles do Porto, Benfica, Sporting, Nacional...
Provavelmente por Hulk ser um jogador com força, técnica e velocidades invulgares a forma como é "massacrado" causa maior impacto...