sábado, 3 de abril de 2010

Efeito Hulk...


Os dois jogos que antecederam a partida de hoje diante do Marítimo foram, da parte do F.C Porto, aquilo a que vulgarmente chamamos de "um passeio". Ora hoje (no regresso de Hulk "a sua casa"), o encontro não fugiu à regra e nada como começar um "passeio", desta feita de "bicicleta". Assim foi. Falcao marcou o primeiro golo Portista e porconseguinte assinou o "momento do jogo", com um magnífico golo de "pontapé-bicicleta". Só um ponta-de-lança de fino recorte e pleno de recursos é capaz de efectuar um gesto técnico de tamanha dificuldade. Falcao confirmou assim os "dotes" de "matador" e marcou aquele que seria o seu primeiro golo neste jogo. O seu segundo golo apareceu na segunda parte (num bom gesto de cabeça), isolando-o desta feita na lista dos melhores marcadores do campeonato (e de notar que, ao contrário de Cardozo, Falcao apenas contabiliza um golo de grande penalidade...).

Apesar de ter começado por destacar a prestação de Falcao no que a esta partida diz respeito, há muito mais objectos de análise neste duelo que opôs o Maritimo ao F.C Porto.

O Marítimo foi mesmo a equipa a entrar em vantagem no Estádio do Dragão. Takahito (aos 15 segundos de jogo) marcou o primeiro golo dos Insulares e, por sinal, o primeiro golo da história do Marítimo em pleno Estádio do Dragão.

Realmente e como Jesualdo disse e bem, só faltava mesmo acontecer isto ao F.C Porto. Para além dos castigos, lesões e de algum "jogo de bastidores", o F.C Porto deu de caras com um adversário que lhe marcou o golo mais rápido do campeonato.

O F.C Porto começou então o jogo práticamente a perder e eis que se fez notar o "efeito Hulk". Mais uma vez (e se dúvidas haviam), é por demais evidente que com Hulk "a música era outra". O F.C Porto colocou mais "garra" em campo, Hulk atraiu inúmeras marcações, fez arrancadas como só ele sabe e, por consequência, os quatro golos foram apenas uma quota parte do que poderia ter sucedido ao Marítimo (que, embora não o merecesse, até poderia ter saído vergado a uma goleada "das antigas").

Hulk, no seu segundo jogo após ter sido reduzido o castigo, assina nova grande exibição, assina novo golo e oferece outro tento a Radamel Falcao. Aliás, assim que o F.C Porto tomou conhecimento do CJ da Federação, o F.C Porto fez três jogos, marcou dez golos e sofreu apenas dois. No primeiro jogo após ter sido anunciada a redução da pena (diante do Rio Ave, em Vila do Conde), Hulk não pôde jogar mas fez questão de seguir viagem com a comitiva Portista e como que deu uma boa "injecção de moral" a um grupo prestes a cair no "abismo".

E porque ainda se está a falar de Hulk, nota máxima para a sua arrancada que só terminou em golo e, minutos antes, foi o "Incrível" que protagonizou uma jogada individual fantástica devidamente negada por Peçanha (estava corrido o minuto 54). Seria um golo muito parecido com o que havia marcado no Restelo, tendo curiosamente disferido um remate com a mesma velocidade e potência (117 km/h).

Pelo meio nota ainda para um bom golo de R.Meireles que, minutos após o seu tento viu-se forçado a abandonar o jogo por lesão (mais uma...ou melhor, mais duas já que Freddy Guarín também abandonou o rectângulo de jogo lesionado).

Neste jogo, para lá dos mais que justos destaques quer a Falcao, quer a Hulk, acho que é essencial destacar o trabalho dos dois laterais. Miguel Lopes e Álvaro fizeram ambos um jogo fabuloso. O F.C Porto, pela ausência de extremos, viu-se forçado a optar pelo 4-4-2 (finalmente!) e neste modelo de jogo pede-se que haja uma complementaridade enorme entre os laterais e os médios interiores, na medida em que cabe ao lateral fazer todo o seu corredor. Álvaro e Miguel Lopes fizeram-no com todo o brilhantismo e, em relação a Miguel Lopes, creio que o "professor" Carlos Queiroz tem ali uma boa alternativa ao lado direito da defesa (na medida em que Bosingwa vai falhar o Mundial 2010, por lesão).

Quase em tempo de "balanço" de uma época, é óbvio que houve mérito dos adversários que estão à nossa frente, é óbvio que existiu alguma incompetência e teimosia do nosso treinador (dada a resistência que vinha mostrando face ao 4-4-2), mas também é evidente que houve todo um "jogo de bastidores" que visou apenas "mancar" o F.C Porto. Se é verdade que Sapunaru pouca falta faz ao F.C Porto (e hoje em dia provavelmente nem no banco de suplentes teria lugar), não é menos verdade que Hulk é uma peça absolutamente vital ao F.C Porto (da mesma forma que Rooney o é em Manchester, Messi em Barcelona, Ronaldo em Madrid,...).

Uma última palavra para a atitude do Marítimo e a competência do seu treinador. Muito se fala em Domingos, Jorge Costa, Villas-Boas e até Paulo Bento para futuro treinador do F.C Porto. Sinceramente, na minha opinião no mercado nacional há dois excelentes treinadores e que ninguém fala deles. Van der Gaag e Paulo Sérgio são dois treinadores cujas equipas jogam com uma mentalidade aberta, sem anti-jogo, sem "autocarros" e os resultados estão à vista.

Hoje o Marítimo foi uma equipa personalizada, que jogou "olhos nos olhos" com o F.C Porto e apenas a maior "riqueza" individual do plantel do F.C Porto fez a diferença.

Além do mais, Van der Gaag (que tem tido bons resultados) não se precisa de "colocar em bicos de pés", não precisa de deixar crescer a barba, não precisa de vestir fatos Armani para fazer vincar uma imagem de treinador autoritário e competente (veja-se o oposto em Villas-Boas).

Penso que é um destaque justo e, como tal, o Marítimo sai do Dragão goleado mas com dignidade pela forma como se bateu.

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