sexta-feira, 8 de outubro de 2010

"Bento(s)" de mudança...


Assim que foi anunciado o novo seleccionador nacional, Paulo Bento, eu fui um dos adeptos que mais dúvidas coloquei quanto à sua escolha (e ainda coloco). No entanto, o ex-treinador do Sporting C.P não poderia ter tido melhor estreia ao serviço da selecção nacional.

Acima de tudo, Paulo Bento começou por "contrariar" aquele que seria um dos meus maiores receios enquanto adepto Português. Refiro-me à escolha de sistema de jogo, que se levasse em linha de conta o que havia adoptado enquanto treinador do Sporting C.P, iria privar Portugal daquele que é um dos seus sectores mais fortes - os extremos. Para estas posições temos nomes como Ronaldo, Nani, Varela e Ricardo Quaresma que por força das circunstâncias viriam o seu rendimento diminuir se eventualmente fossem colocados a actuar no famoso 4-4-2 losango.

Assim não foi e poder-se-á dizer que Paulo Bento montou muito bem a equipa.

Na posição de guarda-redes deu um voto de confiança a Eduardo (o erro que teve perante a Noruega custou a Portugal 3 pontos, no entanto se o guardião do Génova saísse da baliza, Paulo Bento estaria a "reeditar" casos semelhantes como os que teve com Stojkovic no Sporting C.P).

Mais à frente, na defesa, foi admirável a inteligência do treinador Português. Para além de apostar nos dois laterais Portugueses actualmente em melhor forma (sendo certo que para o lado direito e assim que Bosingwa estiver apto - o que ainda deve demorar - penso que será o dono do lugar), Paulo Bento apostou na dupla R.Carvalho - Pepe que já traz rotinas de jogarem juntos pelo Real Madrid. Aliás, há poucos dias com a selecção a seu comando e com pouco tempo para a preparar para estes confrontos internacionais, é sempre desejável que no seio da equipa existam pequenas "sociedades" que já trazem rotinas dos clubes onde jogam. Certamente o facto de ambos jogarem juntos no seu clube foi um factor determinante para a definição do eixo central da defesa.

Mais à frente, no meio-campo, creio que Paulo Bento voltou a ser inteligente na forma como o organizou. Além de ter colocado Meireles a nº6 (que é um médio com uma enorme capacidade de recuperação de bolas), juntou-lhe Moutinho (que a par de Nani terá sido o melhor em campo) e Carlos Martins (que, no Benfica, tem sido uma das unidades em foco).

O mais impressionante neste sector intermediário foi a forma perfeita com que Moutinho jogou. Correu, recuperou bolas, esteve exemplar no capítulo do passe e foi o "box-to-box" que a equipa precisava. É claramente um jogador em ascenção que ganhou o seu espaço de afirmação no F.C Porto (sim porque no Sporting o seu potencial não era exponenciado face à forma "anárquica" como aquele meio-campo funcionava), mas que nunca deveria ter sido preterido da convocatória de Queiroz no anterior Campeonato do Mundo.

Lá na frente de ataque creio que o trio inicial foi bem escolhido, sendo certo que o principal destaque vai para Nani (autor de dois golos "e meio"). Além dos golos de belo efeito que marcou, teve a frieza e classe suficiente para oferecer o terceiro tento a um esforçado Cristiano Ronaldo.

E por fim, para terminar esta crónica, falaria de Cristiano Ronaldo. Teve uma primeira-parte apagadíssima (aliás foi autor de apenas um remate que levava perigo à baliza dos Dinamarqueses), mas na segunda-parte esforçou-se (contra o costume, mas esforçou-se...). O golo acabou por ser um prémio depois de uma bola à trave, um livre perigoso e dois ou três remates de fora da área que levavam "selo de golo".

Convenhamos que (e isto agora numa perspectiva Portista) aquele estádio (o do Dragão, pois claro) é propício a grandes espectáculos, como tal, a selecção pura e simplesmente se deixou contagiar pelo ambiente que normalmente nele se vive.


Força Portugal, queremos mais frente à Islândia!

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