quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Um Roberto estranho

A missão foi cumprida. A estreia na Champions resultou numa vitória tranquila e consequentes três pontos, conforme se exigia frente à equipa menos cotada do grupo, mas o jogo desta noite não deu propriamente para ficarmos eufóricos com a prestação da nossa equipa. Ganhámos sem contestação, a nossa superioridade nunca esteve em causa, mas a qualidade do nosso jogo não foi exactamente brilhante, em particular durante a primeira parte.

Apenas uma alteração no onze de Guimarães, que foi a troca do Maxi pelo Rúben Amorim na direita da defesa. A primeira parte foi, resumidamente, um longo bocejo, pontualmente interrompido por uma ou outra jogada. A posse de bola foi repartida entre as duas equipas, e o Hapoel, apesar de se revelar uma equipa bem organizada e com alguma habilidade para trocar a bola, raramente revelou capacidade para ameaçar seriamente a baliza do Benfica - o primeiro (e único) remate que fizeram nos primeiros quarenta e cinco minutos só surgiu bem após a meia hora de jogo, obrigando o Roberto a uma defesa algo apertada. Quanto ao Benfica, jogou de forma demasiado lenta e previsível, não parecendo ter muita vontade de arriscar por aí além - talvez um reflexo de alguma falta de confiança por causa dos últimos resultados, e a necessidade de um resultado positivo para normalizar um pouco as coisas. Apenas o Aimar (sobretudo este) e o Coentrão davam alguma velocidade ao nosso jogo. As interrupções ao bocejo da primeira parte foram um oportunidade do Cardozo, isolado por um passe do Aimar, que foi defendida pelo guarda-redes; o nosso golo, aos vinte minutos de jogo, num bonito remate de primeira do Luisão, dentro da área, a corresponder a um cruzamento do Carlos Martins; e finalmente um bonito remate de fora da área do mesmo Carlos Martins, que proporcionou uma grande defesa ao guarda-redes do Hapoel (Enyeama, que já tinha deixado uma boa impressão no Mundial e que hoje voltou a mostrar ter muita qualidade).

A segunda parte não trouxe grandes mudanças ao cariz do jogo durante os primeiros minutos, mas ainda antes de findo o primeiro quarto-de-hora o Jorge Jesus trocou o desinspirado Gaitán pelo Maxi Pereira, e a diferença notou-se imediatamente. O Maxi veio dinamizar um até então praticamente inexistente flanco direito (Rúben muito apagado e Carlos Martins constantemente a fugir para o centro), e o próprio Rúben Amorim subiu de produção com a passagem para o meio campo. Esta melhoria do Benfica acabou por ter resultados práticos aos sessenta e oito minutos, quando o Cardozo apareceu no lugar certo para fazer a recarga a um remate do Maxi, resultado de uma boa combinação entre ele e o Amorim. Com o jogo resolvido, de seguida deu-se a entrada do Airton para o lugar do Aimar, o que nos deu mais solidez no meio campo, onde até então o Javi tinha andado muito desacompanhado nas tarefas de recuperação da bola. O Hapoel foi também obrigado a arriscar um pouco mais, e até final do jogo o Benfica ainda dispôs de algumas ocasiões em que poderia ter dilatado o resultado, mas esta noite a inspiração andou um bocado alheada dos nossos jogadores. Mesmo em cima do final, um pequeno susto no segundo ameaço dos israelitas durante todo o jogo, quando atiraram a bola ao ferro da nossa baliza.

Melhores do Benfica, para mim, Aimar e Luisão. O primeiro foi dos poucos que, mesmo nas alturas mais estagnadas do jogo, não se cansou de tentar dar-lhe mais velocidade, quer com a bola nos pés, quer procurando espaços entre linhas, quer solicitando os colegas. Fartou-se ainda de correr para recuperar bolas e auxiliar o Javi, merecendo plenamente o aplauso aquando da sua substituição. Quanto ao nosso capitão, marcou o importante primeiro golo (e foi um grande golo), e esteve sempre sereno no centro da defesa. Quanto aos menos bons, escolheria o Gaitán e o Cardozo. O Gaitán passou ao lado do jogo. Não teve muita bola, e quando a teve nem sequer pareceu ter atrevimento para tentar um lance individual, optando por libertar-se da bola o mais rapidamente possível. Quanto ao Cardozo, só não é o pior mesmo porque apareceu uma vez no lugar certo para fazer aquilo que se lhe exige, e meter a bola dentro da baliza. Mas até aí esteve quase sempre apático e desinspirado. Esteve também muito mal no gesto que teve após marcar o golo, transformando um momento que poderia ser de redenção num momento de ainda maior contestação. Entendo que se sentisse frustrado por as coisas não lhe estarem a sair bem e ainda por cima ouvir contestação vinda das bancadas, mas ele deve compreender que tudo isso faz parte do jogo. Dou-lhe porém os parabéns por ter depois tomado a atitude correcta, pedindo desculpa aos adeptos pela atitude. É marcar um golo no próximo jogo e já ninguém se lembra mais disso.

O mais importante foi alcançado, e nem sequer ficou a sensação de ter sido necessário despender um grande esforço para conquistar esta vitória. Agora, é olhar já para o próximo jogo e pensar, apenas e só, na vitória. Já não há margem para menos do que isso. E, se possível, gostaria que nesse jogo os benfiquistas dissessem 'Presente!' em muito maior número do que o fizeram hoje.

creditos:
D`Arcy

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