
Interrompo aqui o meu período de férias para comentar um pouco da actualidade desportiva do nosso País. Tenho por costume "opinar" sobre o meu F.C Porto, mas nos dias que correm o assunto que mais vem sendo falado prende-se com a renúncia/despedimento de Carlos Queiroz ao cargo de seleccionador Nacional.
A selecção fez um mau Mundial (apenas venceu uma pobre selecção Norte-Coreana por um resultado que, por si só, foi suficiente para "enganar o estômago" dos Portugueses) e prossegue o seu trilho de resultados negativos, desta feita em jogos que dizem respeito ao apuramento do próximo Europeu.
Como se não bastasse o ridículo empate (em Guimarães, a 4-4!), a (cada vez menos) "nossa" Selecção voltou a desiludir perante uma modesta Noruega.
Poder-se-á dizer que, à primeira vista, a culpa é do treinador. Possivelmente poderia ter optado por Moutinho em vez de Tiago (no jogo da Noruega), por Liedson em vez de Hugo Almeida e por aí fora...
Mas todos estes pequenos "equívocos" não são de forma alguma motivo que justifique tamanho descalabro. Os nossos "piores" jogadores têm de ser forçosamente técnica e tácticamente superiores aos Cipriotas e aos Noruegueses.
No meu ponto-de-vista (e numa opinião que, por certo, será partilhada por muitos Portugueses), o problema da Selecção não se resume ao treinador. Poderiamos porventura contratar Mourinho para o cargo e perante a estrutura actual dos quadros da F.P.F, o seu percurso iria ser em tudo semelhante ao de Scolari e Queiroz.
Acho incrível como indivíduos como Gilberto Madaíl e Amândio de Carvalho (quem se diz ser a "cabeça do polvo") permanecem nos quadros da Federação, ao passo que Queiroz sofre todas as consequências pelos maus resultados obtidos.
Para começar, eu achei lamentável a forma como Madaíl abordou a suspensão de Queiroz - recorde-se que afirmou que a Selecção até actuava em "piloto automático". É de uma inteira desonestidade, irresponsabilidade e falta de respeito desvalorizar o trabalho e o papel de Agostinho Oliveiro neste período conturbado do futebol Português. Gilberto Madaíl sabia (ou então deveria saber!) que face a uma ausência de Queiroz, Agostinho Oliveira seria o escolhido para comandar a equipa (ainda que temporariamente). Pois bem, estas declarações totalmente evitáveis do "pseudo-presidente" da nossa Federação, caíram mal no seio do grupo e motivaram uma resposta (acertada, diga-se) de Agostinho Oliveira. O treinador-adjunto de Carlos Queiroz afirmou que desta feita "seria ele" o "piloto automático".
Este foi um dos muitos erros crassos da presidência da F.P.F.
Outro erro sintomático e que vem prejudicando toda a estrutura do futebol Português, prende-se com a forma como o "dossier" Carlos Queiroz tem sido gerido. Está mais do que claro que "raposas velhas" como Amândio de Carvalho têm vindo sistemáticamente tentando a renúncia de Queiroz sem que este lhes exija uma avultada indeminização. Toda esta "palhaçada" (não encontro outro termo para descrever a sucessão de acontecimentos rídiculos que têm marcado as últimas semanas), foi criada e forçada pelos membros da ADoP que caprichosamente (e isto, infelizmente, é típico do povo Português) arranjaram um pretexto para "encurralar" Carlos Queiroz.
É óbvio que fica mal e é totalmente descabido o desabafo de Carlos Queiroz, mas também é óbvio que não será tão grave quanto o soco que Scolari deu a Dragutinovic e que mereceu "palmadinhas nas costas" desta mesma comandita da Federação.
Deste logo é por demais evidente a dualidade de critérios na forma como foram julgados estes dois processos.
Fica claro que se a nossa Selecção hipotéticamente tivesse sido campeã do Mundo (isto num cenário meramente "virtual"), nada disto estaria a acontecer. No entanto, a ânsia de protagonismo de elementos que constituem a ADoP provocou todo este desenlace que deve culminar com a saída de Carlos Queiroz.
Desportivamente Carlos Queiroz nada tem feito para merecer a continuidade, mas acho de inteiro mau gosto a forma como estas "raposas velhas" têm "brincado" com a dignidade do actual Seleccionador Nacional.
A imprensa tem falado, nos últimos dias, em Paulo Bento como sucessor e, no meu ponto-de-vista, mais uma vez caminharemos de "cavalo para burro". Se eventualmente as competências tácticas de Queiroz não seriam as melhores, não vejo porque razão haveria a Federação de optar num treinador que apenas "aprendeu" a contruir as suas equipas de acordo com um único sistema táctico (4-4-2, com muita "tranquilidade").
Por fim e não menos importante, para terminar com toda esta enumeração de "equívocos" e disparates da Federação, destacaria a escolha de treinadores como Oceano Cruz para os sub-21. Mais uma vez em Portugal "brinca-se" aos futebóis e, com treinadores como estes (incapazes de potenciar as qualidades de jovens jogadores a despontar no futebol Português), não consigo vislumbrar qualquer futuro no nosso futebol ao nível das selecções principais.
Por outro lado e mais uma vez, negativamente, destacaria a forma como a Federação "desvalorizou" o falecimento de José Torres.
Torres foi um grande jogador do nosso futebol, um exemplo de profissionalismo e dedicação. Talvez pela sua personalidade (e atendendo ao facto de ter sido o seleccionador no famoso Mundial no México, de má memória para os Portugueses em geral), foi uma das "vítimas" predilectas de Âmandio Carvalho e do resto da comandita, não tendo merecido qualquer referência e qualquer acto de respeito no momento em que nos deixou.
Vassourada na Federação, exige-se! E aproveitemos hoje que é o "Dia D" para a definição do "caso Queiroz"...
Com toda esta polémica e para desagrado dos "penduras" que circulam em torno da F.P.F quer-me parecer que todas as esperanças numa eventual vitória quando ao concurso pela candidatura conjunta com Espanha para o Mundial de 2018 irão cair por terra. E é mais do que merecido.
P.S: Já agora e se não fosse pedir demais, que se coloque Beto na baliza da selecção para os próximos jogos. Independentemente de todos estes problemas, a displicência e a vaidade com que Eduardo se tem exibido na baliza da selecção é mais do que merecedora de uns joguitos no banco.
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